A centenária Estação Ferroviária de Caruaru será o palco para REVINDA, espetáculo de dança itinerante que começou sua viagem artística nas periferias do Recife e agora chega ao Agreste para apresentação única em Caruaru, neste sábado (8), às 17h30. A dor de uma mulher negra diante da perda do filho, morto pela polícia numa favela do Rio de Janeiro, está no centro da dramaturgia do espetáculo, uma criação da artista Rebeca Gondim, que reúne dança, música e poesia para falar das dores, revoltas e celebrações do povo preto e periférico do Brasil. Por onde passa, REVINDA agrega o trabalho de artistas convidados do local, o que resulta em um novo espetáculo a cada apresentação, numa confluência de narrativas, histórias e sonhos.

Em Caruaru, as convidadas são Bgirl Caracol, que atua na cultura Hip Hop através das linguagens da Dança, com o breaking, e da poesia, com o rap e Marcela Felipa, dançarina, passista de frevo e brincante da cultura popular. A apresentação é gratuita, com acessibilidade em Libras.
Para Maria Agrelli, que divide a criação do espetáculo com Rebeca, o ponto forte da temporada na rua é a diversidade de linguagens e a relação dos artistas convidados com o seu território. “O mapeamento e a integração dos artistas de cada território deram ainda mais potência ao espetáculo”, destaca. Além de Rebeca Gondim e Maria Agrelli, Revinda tem um elenco fixo formado pelo DJ Phino, que assina a trilha sonora junto com Léo Bulhões, Bárbara Regina na percussão, a bailarina e intérprete Joselma Santos faz a Corporeolibras, onde interpreta língua dos sinais com o corpo, e João Guilherme de Paula na criação de luz. Completam a ficha técnica Filipe Gondim e Milla Serejo, responsáveis pela Comunicação Visual do projeto, e Júnior Melo, na produção.
ORIGENS – Revinda nasceu como uma performance solo de Rebeca, de dez minutos, com o título Terezinha, homenagem a Tereza Maria de Jesus, uma mulher que teve o filho de 10 anos morto pela polícia, enquanto brincava na frente de casa, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Nesse formato, com duração de 50 minutos, música ao vivo e participação de convidados, estreou em abril de 2025, com itinerância por seis bairros periféricos do Recife – Ibura, Bomba do Hemetério, Morro da Conceição, Água Fria, Alto Santa Terezinha e Beberibe.

INCENTIVO – A circulação estadual foi contemplada com o Fundo de Incentivo à Cultura do Governo de Pernambuco – FUNCULTURA PE. O espetáculo passou por Olinda e Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, e depois de Caruaru segue para o Sertão, onde faz apresentações em Triunfo (21) e Arcoverde (23). A escolha do itinerário segue critérios afetivos e artísticos e marcam encontros com artistas que desenvolvem trabalhos reconhecidos nos seus territórios e que têm no coletivismo, assim como Rebeca, a resistência cultural e a luta por direitos humanos como características. Em Triunfo, a convidada é Jéssica Caitano, artista popular, cantora, compositora, percussionista, poeta-declamadora. Em Arcoverde, Gabi Beneditta, a multiartista travesti negra que cria a partir das potências e fragilidades do corpo, é a convidada.





