Perto de seu centenário, o Hotel Central, o mais antigo hotel em funcionamento do Recife e um ícone da arquitetura histórica da cidade e o primeiro arranha-céu da capital pernambucana, está prestes a passar por uma requalificação em sua cobertura, marquise de apoio e casa de máquinas do elevador. Situado no coração do Bairro da Boa Vista, na Av. Manoel Borba, 209, o prédio será submetido a uma série de intervenções que buscam estancar o desgaste de sua estrutura e recuperar características originais que remontam aos anos 1920, década de sua construção. Durante quase um século de existência, o edifício recebeu hóspedes ilustres como Getúlio Vargas, João Dantas, Carmem Miranda, Luz Del Fuego, Luiz Gonzaga e os passageiros e tripulantes do Zeppelin, em 1930, quando o dirigível alemão aportou na capital pernambucana. Atualmente, o hotel vem agregando artistas, fortalecendo a cultura e o turismo sob a batuta da proprietária Rosa Maria onde também dirige o Tempero da Rosa no local.
De acordo o proponente do projeto, Saturnino de Araújo, da Bersato Produções Culturais (produtora executiva do projeto cultural), em parceria com a Construtora Menelau de Almeida, a restauração é o primeiro passo para garantir a longevidade do edifício, que já possui o título de Imóvel Especial de Preservação (IEP), foi tombado pela FUNDARPE em dezembro de 2018, conforme publicação no Diário Oficial, assegurando suas prerrogativas de proteção conforme a Lei nº 7970/79. Antes disso, o edifício havia recebido status de semi-tombamento em 2010, o que conferiu ao Hotel Central um grau de preservação excepcional, com levantamento técnico em 2012 e reforçado pelo incentivo do Funcultura em 2016-2017, quando a fachada do prédio foi restaurada com sucesso. A execução da requalificação também conta com o Incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura SIC – Funcultura, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE, e da Secretaria de Cultura e Governo do Estado.
Atualmente em fase de pré-produção, o projeto prevê início no primeiro semestre de 2025, após a obtenção das licenças da Prefeitura do Recife, e será liderado pela arquiteta Marina Russel, coordenadora técnica e arquiteta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan /PE), Mestra em Preservação do Patrimônio Cultural e Especialista em Restauração do Patrimônio Cultural Edificado. A obra, estimada para durar entre três e quatro meses, foi elaborada segundo a metodologia do mapa de danos e projeto de intervenção no patrimônio edificado, seguindo à risca as recomendações do “Manual de Elaboração de Projetos de Preservação do Patrimônio Cultural — Caderno Técnico 1” e do “Caderno de Encargos — Caderno Técnico 2”, do Ministério da Cultura, Instituto do Programa Monumenta.
A intervenção será concentrada na recuperação estrutural da cobertura principal do corpo principal do edifício, localizado no 8º andar, incluindo a marquise de apoio dos reservatórios e a casa de máquinas do elevador. Entre os serviços planejados estão o reparo de lajes e paredes danificadas por infiltrações de águas pluviais, lavagem e higienização das telhas francesas antigas, com substituições das que se encontram deterioradas, além da higienização, desinfestação e imunização do madeiramento do telhado e impermeabilização da laje do elevador, danificado por óleo proveniente de casas de máquinas. “Essas medidas são essenciais para preservar o prédio, que continua recebendo olhares de turistas e recifenses, sempre admirados por sua arquitetura única e história vibrante”, destaca Russel.
SOCIAL – Como contrapartida social do projeto, será realizada a Oficina de Preservação Patrimonial Cultural, voltada ao treinamento e à sensibilização de técnicos, estudantes e moradores da região sobre práticas de preservação de bens culturais. Essa ação, que faz parte das exigências para aprovação do projeto cultural, promoverá aulas aos sábados a partir de novembro, abordando a preservação material e imaterial do patrimônio cultural. A oficina será gratuita e possui vagas limitadas, com inscrições abertas para a comunidade e profissionais da área.
Para os organizadores do projeto de reestruturação, preservar o Hotel Central é uma maneira de garantir que a história cultural e arquitetônica do Recife seja apreciada por gerações futuras. “Nossa missão é manter viva a essência e a estrutura do edifício para que continue a ser um ponto de referência histórica e turística, além de um elemento ativo na identidade de Pernambuco e do Brasil”, conclui Saturnino de Araujo.
Serviço
Oficina de Preservação Patrimonial Cultural: Material e Imaterial
Data: Sábados — 23 e 30 de novembro; 7, 14 e 21 de dezembro de 2024
Local: Recife, Bairro da Boa Vista
Inscrições: Gratuitas, limitadas a 25 vagas
Contato: (81) 9.9872-1978 (horário comercial)
E-mail para informações e inscrições: oficinapreservacaopatrimonial@gmail.com